Chego à praia sozinha às cinco da tarde. Largo as coisas na areia e vou directo à água. Quente e calma. Mergulho e mergulho vezes sem conta. Deixo-me ficar a acompanhar o vai e vem do mar. Que saudades! Subo até à toalha e deito-me ao sol que a esta hora ainda queima ao toque. Fecho os olhos por algum tempo. A paz é total. O inconfudível pregão das "bolinhas quentinhas" acorda-me e rapidamente faço sinal ao rapaz. "Uma com creme, se faz favor." (só podia..) Um euro. Volto a deitar-me na toalha. Cada pedaço daquela bola de berlim trouxe-me recordações de miúda. Dos dias, manhãs e tardes passadas naquela praia. Das horas de banho no mar até ficar com os lábios roxos. Das pontas dos cabelos brancas e duras do sal. Dos biquinis debotados ainda a meio do verão... Lambo o açúcar que ficou nos dedos (inevitável!!). Olho à minha volta vezes sem conta. Todas aquelas pessoas me parecem familiares. Pelo menos as conversas, as pronuncias acentuadas, a forma de ali estar, são as mesmas. E passaram tantos anos..
Volto ao mar para mais uns mergulhos. Subo para me secar. Apanho as uvas, o livro e, antes de terminar o cacho, o livro chega ao fim. Foram-se 45 páginas e um quase romance, no deserto.. "No teu deserto". São quase sete da tarde e o sol continua a pique. A tarde está perfeita. Não sei há quanto tempo não tinha um fim de tarde assim. Cheio de boas recordações, capaz de me encher a alma de frescura, de luz.
A algum custo deixo a praia e regresso a casa. Amanhã não vou voltar, decerto. Amanhã é só mais um dia igual a todos os outros...
A algum custo deixo a praia e regresso a casa. Amanhã não vou voltar, decerto. Amanhã é só mais um dia igual a todos os outros...
