Estarão vocês a pensar que raio de foto é esta.. Poderia ser um quebra-cabeças.. Uma ferramenta de estudo de um médico... Mas não. Foi a imagem que mais me fez lembrar a minha cabeça ontem..À hora marcada lá estava no guiché de atendimento das polissonografias.. A Técnica simpática, abriu a janelinha e perguntou-me com um sorriso maroto: "É a menina que vem dormir comigo esta noite não é?" Eu sorri e disse que sim.
Eram 23h20 e eu sentada no corredor à espera. Estava frio e vazio. De um lado ouvia choro de crianças e bebés. Do outro ouvia gritos de uma enfermeira divertida. Esperava e pensava: aqui é que eu não vou mesmo conseguir dormir.. Dos gritos comecei a ouvir uns tremores tipo filme de terror.. Altos e assustadores.. Aproximavam-se de mim mas eu não os via. Eis que aparece um senhor de elevada idade a caminhar na minha direcção e a fazer aqueles sons cada vez mais ensurdecedores. Gelei.. Parei de respirar e pensei: Fujo?? Volto a olhar e vejo-o a voltar para o quarto agarrado por duas enfermeiras... uff... Quero sair daqui depressa, pensei. Mas eis que aparece a minha "companheira de quarto" a pedir para entrar.
Atrás do guiché, uma sala com parede de pladur, um PC e uma impressora enormes, outras tantas maquinetas, uma cama, um amontoado de fios, cabos e luzinhas.. "Ponha-se à vontade e deite-se", ouvi. Já de pijama, aproxima-se de mim com um caixote de fios de cores.. "Vou começar". Ok. Uma meia hora depois tinha dezenas de fios a sairem da cabeça, um em cada braço, um a sair do nariz, uma faixa na cintura e outra à volta do peito, ambas com dois fios.. Por último uma espécie de mola no indicador. "Pode dormir!". Sentia-me numa camisa de forças. "Posso mexer-me?". Pode. Até amanhã! (continua..)
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